02 ago. 21
O horror de Lois Weber
Filmes de invasão domiciliar são comuns na filmografia do cinema de terror. Hush, Quando um Estranho Chama,
entre outros títulos, são películas bastante apreciadas e conhecidas.
Mas o que talvez você não saiba é que foi uma mulher que ajudou a
consolidar esse tipo de narrativa. Estou falando da diretora
estadunidense Lois Weber. A cineasta é um dos nomes mais
importantes do cinema. Seu currículo é extremamente criativo e
transgressor. Ela abordava temas bastante controversos para a época.
Além disso, criou elementos de filmagem imprescindíveis para a edição
cinematográfica.
Biografia
Florence Lois Weber nasceu em 13 de junho de 1879, em Allegheny (Pensilvânia). Começou a trabalhar com cinema em 1905, estrelando o filme Hipocrytes (1908), dirigido por Herbert Blaché (então marido de Alice Guy-Blaché).
Ela logo se tornaria a primeira diretora de cinema dos Estados Unidos.
Sua estreia aconteceria no ano de 1911, quando codirigiu a película A Heroine of ’76.
Até o ano de 1934, Weber dirigiu 140 filmes. Quando não estava por trás
das câmeras, Lois atuava, produzia e escrevia roteiros.
Uma coisa que chamava bastante atenção no trabalho da diretora era a sua vocação para fazer filmes que possuíam uma crítica social muito aguçada. Ela levou para as telonas histórias que falavam sobre aborto, drogas, prostituição, política... Inclusive, chocou a sociedade da época, mostrando uma cena de nudez frontal em uma de suas películas. Seu trabalho tinha tanta visibilidade que ela acabou conquistando um lugar na Motion Picture Directors Association, associação dos diretores dos EUA. Ela foi a única mulher da organização por muitos anos.
No campo técnico, Lois foi a criadora de técnicas de split-screen, onde a tela podia ser dividida em dois ou mais quadros. A ferramenta ampliou os recursos narrativos das histórias. Além disso, codirigiu um dos primeiros filmes de invasão domiciliar da história, chamado Suspense (1913). Estrelado por Lon Chaney (um dos atores mais importantes da história do terror), e pela própria cineasta, o filme abordava a seguinte trama: uma mulher está sozinha em casa com seu bebê e um andarilho invade a residência. A história é contada com o auxílio da técnica split-screen, formando três janelas, onde podemos ver em alguns momentos a ação do bandido, o desespero da esposa e a reação do marido ao receber a ligação. Outros elementos também são mostrados, deixando a situação ainda mais aterrorizante, como o momento em que o bandido corta o fio do telefone enquanto a esposa fala com o marido e se apossa de uma faca para perseguir a vítima. Esse pequeno filme de onze minutos influenciou vários diretores de suspense e consolidou essa narrativa que seria explorada em tantos outros longa-metragens até os dias atuais.
Lois teve uma carreira em ascendência por muitos anos, mas uma série de mudanças no cenário cinematográfico fizeram que a diretora, infelizmente, caísse no ostracismo. Sua última película foi realizada em 1934. Weber viria a falecer cinco anos depois, aos sessenta anos. Depois de conhecer o estrelato e se tornar a primeira diretora dos Estados Unidos, a cineasta viveu seus últimos anos na miséria, vítima de seu segundo marido, que roubou todo o seu dinheiro. Não bastasse toda sua tragédia pessoal, seu trabalho também ficou desconhecido por muitos anos, tendo sido redescoberto por pesquisadores, como a professora Shelley Stamp, responsável pelo livro Lois Weber in Early Hollywood, lançado em 2015. Mais uma vez fica aqui o questionamento: como uma mulher com um background tão importante pôde simplesmente desaparecer da história do cinema?
Para ler
Lois Weber - Women Film Pioneers
Lois Weber in Early Hollywood
Lois Weber: The Director Who Lost Her Way in History
Para ver
Suspense
A History of Silence: The Cinema of Lois Weber
Uma coisa que chamava bastante atenção no trabalho da diretora era a sua vocação para fazer filmes que possuíam uma crítica social muito aguçada. Ela levou para as telonas histórias que falavam sobre aborto, drogas, prostituição, política... Inclusive, chocou a sociedade da época, mostrando uma cena de nudez frontal em uma de suas películas. Seu trabalho tinha tanta visibilidade que ela acabou conquistando um lugar na Motion Picture Directors Association, associação dos diretores dos EUA. Ela foi a única mulher da organização por muitos anos.
Pioneira do horror
No campo técnico, Lois foi a criadora de técnicas de split-screen, onde a tela podia ser dividida em dois ou mais quadros. A ferramenta ampliou os recursos narrativos das histórias. Além disso, codirigiu um dos primeiros filmes de invasão domiciliar da história, chamado Suspense (1913). Estrelado por Lon Chaney (um dos atores mais importantes da história do terror), e pela própria cineasta, o filme abordava a seguinte trama: uma mulher está sozinha em casa com seu bebê e um andarilho invade a residência. A história é contada com o auxílio da técnica split-screen, formando três janelas, onde podemos ver em alguns momentos a ação do bandido, o desespero da esposa e a reação do marido ao receber a ligação. Outros elementos também são mostrados, deixando a situação ainda mais aterrorizante, como o momento em que o bandido corta o fio do telefone enquanto a esposa fala com o marido e se apossa de uma faca para perseguir a vítima. Esse pequeno filme de onze minutos influenciou vários diretores de suspense e consolidou essa narrativa que seria explorada em tantos outros longa-metragens até os dias atuais.
Lois teve uma carreira em ascendência por muitos anos, mas uma série de mudanças no cenário cinematográfico fizeram que a diretora, infelizmente, caísse no ostracismo. Sua última película foi realizada em 1934. Weber viria a falecer cinco anos depois, aos sessenta anos. Depois de conhecer o estrelato e se tornar a primeira diretora dos Estados Unidos, a cineasta viveu seus últimos anos na miséria, vítima de seu segundo marido, que roubou todo o seu dinheiro. Não bastasse toda sua tragédia pessoal, seu trabalho também ficou desconhecido por muitos anos, tendo sido redescoberto por pesquisadores, como a professora Shelley Stamp, responsável pelo livro Lois Weber in Early Hollywood, lançado em 2015. Mais uma vez fica aqui o questionamento: como uma mulher com um background tão importante pôde simplesmente desaparecer da história do cinema?
Para ler
Lois Weber - Women Film Pioneers
Lois Weber in Early Hollywood
Lois Weber: The Director Who Lost Her Way in History
Para ver
Suspense
A History of Silence: The Cinema of Lois Weber
Hipócritas (1915)
Feito por Elas - Lois Weber