[Especial Robert Englund]: A Nightmare On Elm Street 5 - The Dream Child — Direção: Stephen Hopkins
A Hora do Pesadelo 5 (1989) é um filme diferente de tudo que já havia sido feito esteticamente na franquia A Nightmare on Elm Street. Apesar de ser uma continuação direta da história da quarta película, o diretor Stephen Hopkins leva Freddy Krueger novamente para as sombras e aposta em uma cenografia gótica, com uma fotografia dramática, a qual nos remete aos grandes clássicos do horror. E resumi-lo é fácil: é o mais puro terror materno!
No longa, Alice (Lisa Wilcox) está de volta. Em uma das primeiras cenas do filme temos uma grande quebra de protocolo dos slashers oitentistas: a final girl está tendo uma relação sexual. Sexo dentro de um filme de terror só representa uma coisa: morte. Alice, porém, sobrevive, mostrando que sim, as heroínas dos longas de terror podem ter uma vida sexual. A relação entre virgindade e a final girl é muito debatida pela pesquisadora Carol J. Clover em seu livro Men, Women and Chainsaws. Segundo a autora, uma das principais prerrogativas para que a personagem se torne a sobrevivente é, justamente, que ela evite atividades sexuais durante a película. Na história do horror, tanto em filmes canadenses e estadunidenses, porém, temos alguns exemplos que antecedem o filme A Hora do Pesadelo 5, onde personagens que não são virgens se tornaram final girls, como em Eaten Alive ou O Massacre da Serra Elétrica 2 (ambos dirigidos por Tobe Hooper), O Iluminado (1980), onde Wendy precisa enfrentar o marido enlouquecido e Black Christmas (1974), cuja personagem principal está grávida. Isso era possível, desde que, durante a película, as mocinhas mantivessem a castidade on-screen. Stephen Hopkins, porém, rompe com todas essas amarras moralistas, e mostra pela primeira vez uma personagem desse cunho durante um ato sexual. Mesmo que seja nas sombras, é notório o que está acontecendo.
O longa possui também outras coisas muito interessantes. As mortes dos adolescentes são fantásticas. Dan, o namorado de Alice, se transforma, literalmente, em uma motocicleta. Greta, a jovem modelo controlada pela sua mãe, morre durante um jantar promovido pela matriarca. Proibida de comer por sua genitora, é justamente a comida que marca o seu fim. Mark, o jovem aficionado por HQs, é assassinado por uma versão super poderosa de Krueger em um universo de quadrinhos. E temos o filho de Alice, que é manipulado por Freddy. Como a jovem não sonha mais com o vilão, o assassino usa os sonhos do bebê para atormentar a vida da garota. E as sequências entre o garotinho e Freddy são muito bem orquestradas. O ator mirim é muito convincente. Para finalizar, não tenho como não falar sobre o jogo de pega-pega nas escadarias, o qual lembra muito as cenas finais de Labirinto, a Magia do Tempo (1986). É uma batalha surrealista entre Alice e Krueger! Ela só termina quando o mal retorna para o ventre que o concebeu.