26 mar. 19
O terror peruano segundo Ernesto Zelaya Miñano
Hoje o Final Chica vai até o Peru para desvendar os mistérios sobre o gênero no país. O jornalista e programador do Insólito Festival de Cine de Terror y Fantasía (festival de cinema fantástico peruano), Ernesto Zelaya Miñano, nos ajuda nessa missão. Ele oferece um panorama sobre a produção cinematográfica de horror no país.
[FG] Ernesto, como você começou a participar do Festival Insólito?
Conheço o Claudio Cordero, um dos diretores, há muitos anos, quando trabalhamos junto na Revista Godard. Lina Durán e ele me ofereceram para ser programador e aceitei de bom grado. Eu realmente gosto de filmes de gênero e sempre achei que o Peru precisava de um festival dedicado ao terror e à fantasia e essa parecia uma oportunidade muito boa para conseguir isso. Agradeço a Claudio e Lina por confiarem em mim como programador e me permitirem atuar em uma área do cinema que me interessa muito.
[FG] Você poderia falar um pouco sobre como o festival surgiu?
Há um número crescente de festivais no Peru, o que é muito bom; mas era necessário um dedicado ao cinema de gênero, na mesma linha de similares, como o Fantaspoa no Brasil, Rojo Sangre em Buenos Aires ou o Mórbido no México. O objetivo é que o Insólito consolide-se como referência na região assim como esses festivais. Observamos também que, apesar da popularidade do cinema de gênero no país, geralmente ele é visto como algo menor, como algo descartável. O objetivo do Festival é reverter isso e dar a esse tipo de cinema a importância que ele merece.
[FG] Qual foi o primeiro filme de terror do Peru? Quais são as tuas impressões sobre ele?
Não saberia te dizer qual foi a primeira, mas uma das mais bem-sucedidas foi Cementerio General, do Dorian Fernández-Moris, película de found footage, filmada em Iquitos. Foi um sucesso de bilheteria na época e deu origem a uma breve onda de filmes de terror nacionais, a qual diminuiu nos últimos anos. Basicamente, Cementerio General pegou um gênero e estilo de cinema de terror que vinham fazendo em Hollywood e outros países há muitos anos, o que tira a originalidade. É uma tentativa de fazer cinema de terror nacional comercial. E não está malfeito, mas oferece poucas novidades.
[FG] Como você avalia a produção de cinema de terror do Peru?
No momento, é baixa. O cinema comercial peruano nos últimos anos está optando mais pelas comédias e filmes familiares. Mas devo mencionar que existe toda uma corrente de películas de terror realizadas em regiões e que inclusive antecedem o cinema comercial mais massivo. É toda uma indústria que muitas vezes usa o folclore e lendas do Peru para construir suas histórias e isso faz com que esses filmes tenham uma identidade muito peruana; Eles estão muito perto da nossa cultura e costumes. O problema é que esse cinema — com menos recursos — tem pouca ou nenhuma difusão na capital, e por isso é muito difícil de acessar. Dar mais visibilidade é apenas mais um dos objetivos do Festival Insólito.
[FG] O que você acredita que falta para que o cinema peruano se desenvolva mais?
Relacionado ao que mencionei antes: creio que o cinema de terror peruano tem que tentar estabelecer sua própria identidade. Temos muitas histórias, mitos e lendas que são muito boas para filmes de terror. Não é necessário usar histórias ou elementos que já vimos até a saciedade nos filmes de terror que normalmente chegam regularmente às mídias locais. Também acho que precisamos de figuras: diretores, atores e atrizes especializados em terror, algo que ainda não temos.
[FG] O cinema latino-americano de terror ainda tem muito que se desenvolver. O que falta para que isso aconteça?
Muito parecido com o que disse na pergunta anterior: o que o cinema de terror latino-americano necessita é construir uma identidade mais próxima da cultura e costumes de cada país. Sempre se diz que o cinema é um reflexo do país que o produz e sua realidade. E que o cinema de terror é particularmente bom para isso. Se um filme latino-americano conseguir isso, não apenas o sentiremos mais perto, mas terá um valor agregado que o colocará além de ser um simples filme de susto.
[FG] Em sua opinião, qual é a melhor filme de terror do Peru?
Creio que ainda não foi feita a película de terror peruana perfeita. Mas uma que me parece muito boa é El Vientre, de Daniel Rodríguez Risco. Em rigor, não é precisamente de terror, mas sim um thriller psicológico. Mas têm elementos que compartilham de ambos os gêneros. É uma história simples, mas bem contada, bem feita e com um bom desempenho de Vanessa Saba. Um filme de pretensões modestas que funciona apesar de ser muito familiar. Mas é apenas um; o filme de terror nacional ainda precisa se desenvolver muito.
[FG] Você poderia falar um pouco sobre como o festival surgiu?
Há um número crescente de festivais no Peru, o que é muito bom; mas era necessário um dedicado ao cinema de gênero, na mesma linha de similares, como o Fantaspoa no Brasil, Rojo Sangre em Buenos Aires ou o Mórbido no México. O objetivo é que o Insólito consolide-se como referência na região assim como esses festivais. Observamos também que, apesar da popularidade do cinema de gênero no país, geralmente ele é visto como algo menor, como algo descartável. O objetivo do Festival é reverter isso e dar a esse tipo de cinema a importância que ele merece.
[FG] Qual foi o primeiro filme de terror do Peru? Quais são as tuas impressões sobre ele?
Não saberia te dizer qual foi a primeira, mas uma das mais bem-sucedidas foi Cementerio General, do Dorian Fernández-Moris, película de found footage, filmada em Iquitos. Foi um sucesso de bilheteria na época e deu origem a uma breve onda de filmes de terror nacionais, a qual diminuiu nos últimos anos. Basicamente, Cementerio General pegou um gênero e estilo de cinema de terror que vinham fazendo em Hollywood e outros países há muitos anos, o que tira a originalidade. É uma tentativa de fazer cinema de terror nacional comercial. E não está malfeito, mas oferece poucas novidades.
[FG] Como você avalia a produção de cinema de terror do Peru?
No momento, é baixa. O cinema comercial peruano nos últimos anos está optando mais pelas comédias e filmes familiares. Mas devo mencionar que existe toda uma corrente de películas de terror realizadas em regiões e que inclusive antecedem o cinema comercial mais massivo. É toda uma indústria que muitas vezes usa o folclore e lendas do Peru para construir suas histórias e isso faz com que esses filmes tenham uma identidade muito peruana; Eles estão muito perto da nossa cultura e costumes. O problema é que esse cinema — com menos recursos — tem pouca ou nenhuma difusão na capital, e por isso é muito difícil de acessar. Dar mais visibilidade é apenas mais um dos objetivos do Festival Insólito.
[FG] O que você acredita que falta para que o cinema peruano se desenvolva mais?
Relacionado ao que mencionei antes: creio que o cinema de terror peruano tem que tentar estabelecer sua própria identidade. Temos muitas histórias, mitos e lendas que são muito boas para filmes de terror. Não é necessário usar histórias ou elementos que já vimos até a saciedade nos filmes de terror que normalmente chegam regularmente às mídias locais. Também acho que precisamos de figuras: diretores, atores e atrizes especializados em terror, algo que ainda não temos.
[FG] O cinema latino-americano de terror ainda tem muito que se desenvolver. O que falta para que isso aconteça?
Muito parecido com o que disse na pergunta anterior: o que o cinema de terror latino-americano necessita é construir uma identidade mais próxima da cultura e costumes de cada país. Sempre se diz que o cinema é um reflexo do país que o produz e sua realidade. E que o cinema de terror é particularmente bom para isso. Se um filme latino-americano conseguir isso, não apenas o sentiremos mais perto, mas terá um valor agregado que o colocará além de ser um simples filme de susto.
[FG] Em sua opinião, qual é a melhor filme de terror do Peru?
Creio que ainda não foi feita a película de terror peruana perfeita. Mas uma que me parece muito boa é El Vientre, de Daniel Rodríguez Risco. Em rigor, não é precisamente de terror, mas sim um thriller psicológico. Mas têm elementos que compartilham de ambos os gêneros. É uma história simples, mas bem contada, bem feita e com um bom desempenho de Vanessa Saba. Um filme de pretensões modestas que funciona apesar de ser muito familiar. Mas é apenas um; o filme de terror nacional ainda precisa se desenvolver muito.